A juventude de Maceió, juntamente a juventude de todo o Brasil está tomando as ruas a cada semana que passa, uma juventude que provavelmente nunca presenciou passeatas tão grandes a não ser em outros países, ou que cresceu ouvindo que já não era mais possível mudar o mundo, que não adiantava mais ir as ruas, que essa época tinha passado, apesar de não terem passado as mazelas da população. Em contradição com todo esse espírito de desânimo, as milhares de pessoas que foram as ruas semana passada abrem caminho para um novo futuro.
Pode parecer que as pessoas não sabem exatamente porque estão ali protestando, afinal, há muitas reivindicações misturadas, muitas ideologias diferentes e uma menor conscientização política do que já se teve em outras épocas no Brasil. Mas sair das suas acomodações e tomar as ruas da sua cidade já é em si um ato político importante, pois volta a trazer a memória dessa juventude que só as grandes mobilizações mudam a vida e conquistam direitos e essa é uma educação que nesses últimos 10 anos foi desfeita pelo governo PT e os anteriores, seja pela dura repressão aos movimentos sociais, seja por colocar a maioria deles dentro de seus gabinetes.
Em Alagoas, temos os piores índices sociais do país, o pior índice de analfabetismo, já atingimos a marca de 1000 mortes apenas em 2013, temos uma cidade modelo para o programa Brasil Mais Seguro, o qual só tem servido para aumentar a criminalização das favelas e a violência sobre a população negra, pois nossos índices continuam aumentando. Somos ainda um Estado assolado pela corrupção política, a qual é quase que naturalizada em nosso Estado e temos ainda serviços públicos completamente precários: como um dos maiores complexos educacionais (CAGB – antigo CEPA) quase que em abandono, sem investimento e com péssimas condições de trabalho para os educadores, no quesito saúde temos cerca de 63% do dinheiro do SUS investido em instituições privadas, as quais só revertem esse dinheiro em 5% de atendimento público, além da situação precária de nossos hospitais públicos e do HU, além de um sistema de transporte pública que não atende nem 1/3 da população e ainda expõe os trabalhadores a violência constante.
Por tudo isso, de maneira difusa, a juventude vai as ruas, para dar um basta a verdadeiros crimes sociais cometidos pelos nossos governantes, e ANEL se colocou desde o principio como impulsionadora dessas lutas aqui e em todo o Brasil, e vêm desde de seu II Congresso (de 30 de maio a 2 de junho em Juiz de Fora) discutindo a pauta do transporte público, trazendo assim um acumulo de resoluções votadas por estudantes de todo o Brasil e que estão nesse momento as transformando em bandeiras nas ruas.
Sabemos que aqui em Maceió o prefeito Rui Palmeira e o governador Téo Vilela já se pronunciaram em relação ao aumento, afirmando que não haverá aumento esse ano. E em primeiro lugar queremos dizer que não temos nenhuma confiança nessa palavra e que mesmo sem o aumento abusivo nenhuma das situações acima citadas é resolvida. Há anos nosso Estado não realiza concurso público para saúde e educação
por exemplo, sem falar na falta de investimentos em absolutamente todas as áreas sociais. Queremos uma solução para o caótico sistema de transporte público, passe livre para estudantes e desempregados e a municipalização do transporte, para acabar de vez com a máfia entre governantes e empresas de ônibus.
Achamos ainda que nenhuma palavra da presidente Dilma em seu pronunciamento da última sexta –feira (21/06) responde as reivindicações Brasil afora. A presidente fala em Sistema Nacional de Transporte sem explicitar como será feito, sem dar uma palavra sobre o Passe Livre ou a Estatização do Transporte Público, pinta ainda como solução para a educação o investimento de 100% dos royalties do petróleo, mas esquece de dizer que isso significa a entrega de 90% de nossa riqueza natural as grandes multinacionais do petróleo e que mesmo assim, na prática significa apenas 0,6% do PIB de acréscimo e enche a boca para dizer que irá importar médicos estrangeiros para resolver o problema de saúde pública, esquece de falar as condições de trabalho em que colocará esses médicos, que são as mesmas que afastam os médicos brasileiros dos interiores.
Por todos esses motivos achamos que os Alagoanos devem continuar nas ruas, e devem unir suas reivindicações as lutas da classe trabalhadora em Alagoas, pois nosso futuro está sendo leiloado a cada dia. A força da juventude deve se unificar com a força dos trabalhadores. A ANEL faz juntamente com a CSP-Conlutas (central sindical a qual somos filiados) um grande chamado a uma mobilização dos trabalhadores e da juventude no dia 27/06, nesta quinta-feira, onde devem-se discutir em seus locais de estudo e trabalho paralisações para balançarmos as ruas de Maceió e continuar com essa firmeza que o povo tem mostrado nas ruas!
Chamamos ainda a todos para participar da reunião para discutir os rumos do movimento, chamada pela Frente pelo Passe Livre de Alagoas, que acontecerá amanhã (25/06), as 17hs no auditório da Praça Sinimbu, levem suas reivindicações e propostas e venha somar forças com essa mobilização que só avança!
#AMANHÃVAISERMAIOR!
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