terça-feira, 11 de junho de 2013

A unidade da esquerda é necessária para fortalecer a luta na Ufal

Os movimentos sociais de nosso país atravessam neste momento um profundo processo de reorganização. A subida ao poder do operário Luis Inácio Lula da Silva e de seu partido, o PT, há dez anos atrás transformaram profundamente o panorama da luta de classes em nosso país. No âmbito da educação vários projetos foram implementados, todos com o estrito sentido de sucatear a educação pública de nosso país. Uma verdadeira contrarreforma foi empreendida nos últimos anos. PROUNI, ENADE, PRONATEC, REUNI e diversos outros ataques foram repreendidos com a conivência da antiga entidade representativa dos estudantes, A UNE.

Felizmente, todos esses projetos tiveram como reação a força de um movimento estudantil organizado de maneira independente dos governos e reitorias. Apesar dos ataques duríssimos, os últimos anos trouxeram de volta o espírito de combate da juventude e a necessidade de se organizar politicamente. Inúmeras foram as ocupações de reitorias, passeatas protestos e ações radicalizadas. O movimento estudantil brasileiro renasceu com mais força nos últimos dez anos! 

Atualmente, sob o governo Dilma estamos presenciando ataques ainda muito duros. A recente aprovação da EBSERH gerou mobilizações em diversos conselhos universitários Brasil afora. Em 2012, o movimento estudantil brasileiro se deparou com a maior greve da educação dos últimos 10 anos. Mais recentemente, o governo promoveu o maior leilão de nossos recursos naturais em toda a história do país com a 11º rodada de leilões das bacias de petróleo. Embutido nesse debate, a UNE e o governo federal tentam cofundir os estudantes alegando que a partir dos royalties do petróleo será possível garantir 10% do PIB para a educação. Nada mais falso, a julgar pelo simples fato de que os royalties, além de só existirem quando há entrega do petróleo à iniciativa privada, representam menos de 1% do PIB em seu valor.

Como afirmamos, todos estes ataques exigem uma forte reação dos estudantes. Precisamos unificar todos aqueles setores que estiveram ocupando o conselho universitário da Ufal contra a aprovação da EBSERH em uma poderosa chapa para o DCE. Uma chapa antigovernista, que represente a voz da resistência de todos aqueles lutadores que não se conforma com os rumos que a saúde e a educação pública brasileira vem tomando ao longo desses dez anos.

Recentemente, ocorreram dois congressos do movimento estudantil brasileiro. Um deles, o CONUNE, da União Nacional dos Estudantes, aprovou em sua plenária final uma resolução de conjuntura que não arma os estudantes para se enfrentar com o governo privatizante do PT, e sim para apoiá-lo, além de uma resolução de educação que pouco avança para além das posições já tomadas pela entidade, de igual conivência com o governo federal. O outro congresso, o II congresso da Anel teve um caminho oposto. Procurou elevar a consciência dos estudantes, prepará-los para os enfrentamentos do próximo período e fortalecer as lutas em defesa de uma educação pública de qualidade. 

É com o espírito que saímos do II congresso da Anel que apresentamos a proposta de uma chapa ampla de unidade da esquerda, para fortalecer as lutas na Ufal no próximo período
e servir de ponto de apoio para os lutadores do país inteiro. É preciso que o DCE da Ufal reflita este ativismo, presente na base, passando em sala, inserido no cotidiano dos estudantes e capaz de dar resposta a cada ataque do governo, impedir que nossa Universidade e Hospital Universitário sejam destruídos e garantir uma Ufal de qualidade. Achamos que este DCE deve assumir as seguintes tarefas: 

1) Se colocar na linha de frente da defesa de uma infraestrutura e assistência estudantil de qualidade e por um outro projeto de educação:
Mesmo com a greve de 2012 ainda existem muitos problemas infraestruturais e de assistência estudantil pendentes por uma resolução. No ano passado vimos a grande mobilização dos bolsistas, estudantes-trabalhadores precarizados da nossa universidade que já chegaram a ficar meses sem receber seus salários. Recentemente começou a se delinear uma importante luta na universidade em torno a precariedade dos novos blocos e a questão da (in)segurança nos diversos campi. E além de todos os descasos que já estamos habituados, esta semana recebemos a notícia de que nosso HU estará fechado para a população! É preciso um DCE que se debruce sobre todas estas questões, que impulsione lutas e resolva todos estes problemas. A começar por participar da ampla jornada por assistência estudantil que acontecerá nacionalmente em agosto, aprovada no II congresso da Anel. Sem deixar sequer por um momento de colocar em debate a pauta da necessidade de investir 2,5 bilhões no PNAES (Plano Nacional de assistência estudantil). Fundamentalmente, é preciso um DCE claramente voltado para a construção de um outro projeto de educação, um projeto de educação à serviço dos trabalhadores da cidade e do campo, e não dos empresários e tubarões do ensino. Para isso, deve ser uma tarefa da próxima gestão do DCE participar das discussões que estão sendo promovidas pelo ANDES e pelo SINASEFE para a construção de um encontro dos lutadores da educação em 2014. 

2) Impedir que o direito histórico à meia entrada seja destruído pela União Nacional dos Estudantes
Precisamos de um DCE que questione o papel que hoje cumpre a atual União Nacional dos estudantes, construindo no chão das salas de aula e corredores das universidades o novo movimento estudantil, livre de qualquer amarras com a reitoria ou o governo. Questionando a atual tentativa da UNE, através do estatuto da Juventude recentemente aprovado, de estabelecer uma "cota" de apenas 40% para estudantes com direito a meia entrada em eventos culturais e espetáculos. A UNE, em nome do monopólio das carteirinhas tenta mais uma vez destruir um direito histórico dos estudantes. É preciso uma chapa no nosso DCE para cumprir em Alagoas o papel de impedir que isto aconteça, através da participação no abaixo assinado nacional contra a restrição á meia entrada.

3) Construir um DCE que tenha como prioridade o combate às opressões.
As últimas gestões do DCE deixaram de lado a pauta das opressões. As mobilizações contra a banda New Hit e a marcha das vadias mostram que é urgente a atuação de um DCE que se posicione sobre o machismo em nossa sociedade. Ainda mais em um Estado como o
nosso, o 2º a mais matar mulheres e homossexuais nacionalmente. A bandeira da luta LGBT também deve ser apontada pelo DCE, a defesa dos homossexuais, lésbicas, transsexuais e travestis. Além de tudo, o movimento negro conquistou a vitória parcial das cotas raciais, mas é preciso avançar sobre a atual proposta do governo, e ter um DCE a serviço dessa luta será fundamental! 

4) Um DCE conectado às lutas da juventude no Brasil e no mundo.
Precisamos de uma gestão do DCE que reflita o espírito das mobilizações que tomam às ruas da Europa, agora em especial a Turquia e seja parte de uma solidariedade ativa às revoluções no Mundo árabe, em especial a revolução Síria. A juventude brasileira luta contra as injustiças sociais no Brasil e no mundo, nosso DCE precisa refletir estas lutas. 

5) Um DCE presente na universidade.
As últimas gestões do DCE estiveram muito ausentes do cotidiano dos estudantes. O diálogo com os centros acadêmicos, importante ferramenta de articulação estudantil, praticamente não existiram. O DCE quase nunca aparece nas salas de aula e os diretores da entidade são raramente vistos nos diversos Campi. O DCE da Ufal precisa retomar sua tradição de diálogo com a base dos estudantes e presença constante nas atividades estudantis. 

Achamos que assumindo estas tarefas será possível termos um DCE a altura dos próximos desafios. A Anel coloca de antemão seu apoio à uma chapa com este perfil na universidade e chama todos os ativistas e estudantes preocupados com a educação pública a se reunir em uma convenção para definir os pilares fundamentais e marcos programáticos desta chapa que será capaz de definir os futuro do Movimento estudantil Alagoano!

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