Cerca de três meses já se passaram desde o início da maior greve da educação dos últimos tempos, e ao contrário do desejo dos pessimistas, a greve só se fortalece! Mesmo com as várias tentativas do governo de Dilma Rousseff de diminuir a legitimidade do movimento grevista (Boicote na mídia, intransigência nas negociações, ameaças de cortes de ponto, criminalização do movimento...), a resposta dos milhares de estudantes, técnicos e professores é a mais clara possível. Atos, mobilizações de ruas, ocupação de ministérios e de reitorias com o propósito da luta contra a precarização do trabalho docente, pelo reajuste salarial, pelos 10% do PIB para a educação pública já, por uma universidade pública, gratuita e de qualidade.
Para além da luta econômica, é possível enxergar outra manifestação da luta desse movimento: o embate político. É nesse campo onde temos conquistado as maiores vitórias. Os avanços políticos obtidos nessa greve são surpreendentes. Já é possível ver um desgaste do governo, mesmo com uma forte aprovação popular, a maioria dos brasileiros e brasileiras é a favor da greve. A pressão impelida pelas diversas categorias que se encontram em greve, somados a outros fatores externos (Como o início do julgamento do Mensalão), assumiram a finalidade de servir como catalisadores para desmascarar o governo do PT, para mostrar pra todos os trabalhadores e trabalhadoras e para juventude brasileira, que o compromisso petista não é com eles, mas sim com os mega empresários, com os bancos internacionais e com o grande capital.
E se o avanço político gera um desgaste no governo que, consequentemente, desloca um setor de até então apoiadores em direção a uma posição mais crítica. Dentro do movimento sindical não poderia ser diferente: há um real deslocamento de setores de dentro da CUT para fora desta central governista, o ANDES, filiado a CSP-Conlutas, que ano passado era questionado enquanto representatividade da categoria docente, atualmente se mostra como a maior e mais combativa direção sindical para os professores, empurrando de lado cada vez mais o PROIFES, sindicato governista que atua como um braço do governo no movimento; tanto, que universidades vinculadas ao PROIFES, como: UFBA e UFC houve um atropelamento pela base sobre os sindicatos locais que queriam deliberar pela aceitação da proposta rebaixada do governo.
O movimento estudantil passa por um processo semelhante, não é novidade pra ninguém a falência da União Nacional dos Estudantes perante as mobilizações estudantis. Se o PROIFES cumpre o papel de braço direito do governo no movimento docente, a UNE o faz no movimento estudantil. É importante lembrar que o REUNI, um dos principais culpados da atual greve, foi defendido com unhas e dentes há cinco anos por esta entidade.
Foi essa greve que nos mostrou o auge da guinada à direita que a UNE vive, não só as lutas não passam por dentro dela, mas mais do que isso, atualmente ela se tornou um empecilho para as lutas, um engessamento do movimento estudantil. Fez-se necessário então uma resposta para esta realidade: a iniciativa de cada lutador e lutadora de construir uma ferramenta que aglomerasse todos aqueles em favor da luta pela educação pública foi não só um avanço na unidade de todas as correntes do movimento estudantil combativo, mas um avanço também no processo de reorganização do movimento em si. Não é preciso dizer que a UNE não aprovou essa ideia tentando boicotá-la ao máximo; quando viu que não era possível, Daniel Iliescu (atual presidente da UNE e membro da UJS) preferiu sentar com seu amigo Yuri Pires (membro da UJR), ANDIFES (representação dos reitores) e do MEC em uma “comissão para acompanhar a expansão nas universidades federais” que foi “incumbida de acompanhar as ações do Ministério da Educação com vistas à consolidação do processo de expansão das universidades federais e de tratar dos assuntos estudantis correlatos ao tema”.
A criação do Comando Nacional de Greve Estudantil (CNGE) foi sem dúvidas uma das maiores conquistas do movimento estudantil durante esta greve, pois foi só a partir de sua construção que foi possível fortalecê-la através de seu funcionamento, com a eleição de delgados feita em cada base de cada universidade, e só com sua consolidação foi possível deslegitimar a UNE em sua tentativa de falar em nome dos estudantes grevistas, não há categoria em greve que não reconheça o CNGE como representação máxima dos estudantes mobilizados.

Porém, alertamos aos companheiros e companheiras que hoje compõem o CNGE que sua vida útil está se expirando e infelizmente não continuará ao término da greve, não podemos deixar que os avanços políticos e as vitórias no processo de reorganização se desfaçam com seu esgotamento!
Precisamos de mais do que unidade na ação, precisamos de uma frente única de todos os ativistas do movimento estudantil. A ANEL hoje se mostra uma excelente saída para a concretização disso, inclusive vale lembrar aos companheiros que o funcionamento do CNGE é idêntico ao da ANEL e que a democracia existente no CNGE, exemplo para todo movimento social brasileiro, pode ser preservada por dentro de nossa entidade.
Como deliberação do CNGE, haverá debates sobre a reorganização do M.E em todo o Brasil, aqui em Alagoas, acontecerá terça 21 de agosto às 14 horas no SINDPETRO e contará com nossa presença, a dos companheiros e companheiras do Além do Mito, UJC e Correnteza, convidamos a todos os estudantes para participarem!
Nada será como antes, com a Assembleia Nacional dos Estudantes! Alerta, alerta, UNE e Mercadante quem negocia a greve é o Comando de Estudantes! Não sou capacho do governo federal, sou estudante livre da Assembleia Nacional!
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