quinta-feira, 31 de maio de 2012

ANEL ALAGOAS APOIA A GREVE NACIONAL NAS IFES


          O que antes não passava de uma mescla entre otimismo e esperança, hoje se torna
uma realidade animadora, a greve dos docentes deflagrada em mais de 45 universidades
federais traz, para os movimentos sociais ligados à educação, a possibilidade de conquistar na
luta as reivindicações mais gritantes que o setor necessita, além disso, a própria dinâmica da
mobilização tanto do movimento dos docentes quanto do movimento estudantil nos dá indício
de que esta não é uma greve qualquer, que esta não é mais uma luta baseada apenas no reajuste
salarial, que pode ter um significado ainda maior. A luta por um novo projeto de universidade
pública, gratuita e de qualidade.



          Desde 2001 não víamos a categoria dos docentes tão mobilizada, a diferença entre
esse ano e a greve de 2001 é a velocidade com que a atual está ocorrendo, enquanto em 2001
demorou meses para atingir tantas universidades em greve, a deste ano durou pouco menos de
duas semanas! Pra ter uma ideia, 30 universidades entraram em greve no primeiro dia!

          E por que está acontecendo essa greve? A resposta, apesar de simples, precisa de uma
atenção em especial. O grande ponto de partida dos problemas que hoje aparecem no dia a dia
de professores, estudantes e funcionários, tem sua origem mais recente no REUNI, projeto
implementado ainda na época do governo Lula, que visava a reestruturação e expansão das
universidades públicas. Hoje, 5 anos depois de sua implementação, a universidade passa por
um grave problema de precarização e sucateamento, o aumento do número de vagas, o processo
de interiorização, a criação de novos cursos, o aumento da relação entre alunos e professores
foi uma forma inconsequente e irresponsável da expansão das universidades (aumentou tudo,
menos a verba destinada pra educação!), e que mascara a real intenção do governo do PT, a
de privatização das universidades públicas brasileiras. Nós, da ANEL Alagoas não somos
contra a expansão da universidade, somos contra este modelo de expansão! Expansão de
qualidade só com 10% do PIB para a educação pública!



          Portanto, apoiar essa greve seria o mínimo que todos os ativistas do movimento
estudantil deveriam tomar para si como tarefa primordial. Apoiar a luta dos docentes significa
ser contra o projeto petista de expansão irracional da universidade, que ao invés de torná-la
mais acessível e democrática, a precariza ainda mais tornando a prática do trabalho docente
insustentável, pois é impossível manter um nível aceitável de qualidade de ensino quando falta
giz, falta cadeira, tem salas de aula lotadas, se ministra 6, 7 aulas por semana e assim por diante.
Apoiar essa greve significa e ir de encontro com o projeto atual de privatização dos IFES,
significa lutar por uma universidade que não atenda os interesses dos tubarões do ensino, mas
que atenda as necessidades dos trabalhadores e da juventude brasileira.

          Na categoria estudantil as coisas também estão começando a esquentar, as 18
universidades que se encontram em greve estudantil mostram a real preocupação e vontade
de lutar dos estudantes espalhados em todo o país, mostra que o movimento estudantil está
mais vivo do que nunca, e apesar da tradicional União Nacional dos Estudantes ( a mesma
que em 2007 foi a favor do REUNI) ainda não ter se manifestado uma posição a favor da
greve, existem setores combativos do movimento estudantil que ainda acreditam que não
é em ministérios, em acordo de gabinetes que se faz movimento estudantil, muito pelo
contrário, é nas assembleias, nos atos, nos comandos de greve, nas ruas em conjunto com
os trabalhadores que ele ganha sua forma mais rica e pura!



          E a partir do momento que os estudantes tomam essa consciência para si e percebem
que essa greve não é apenas dos professores, não é apenas por reajuste salarial. Na verdade essa
greve é um reflexo histórico de um momento que o movimento estudantil acompanha
cotidianamente, desde 2003/ 2004 com a saída dos setores de esquerda da UNE, passando pelas
ocupações de reitorias de 2007, pelas lutas contra o novo Enem de 2009 até chegar a esse
momento, essa luta é o ápice de toda uma geração, para os ativistas mais velhos, será o grande
processo de mobilização que eles acompanharam ainda como estudante, para os ativistas mais
novos, será uma riquíssima fonte de experiência para sua formação (existe algo melhor do que
vê 2000 estudantes em uma assembleia na UFRJ?). A participação dos estudantes nesses
processos de mobilização, uma greve que pode a partir de junho contar com os técnicos
administrativos, é um marco na história dos movimentos sociais ligados à educação, é mostrar
que a luta por uma educação de qualidade, é uma luta legitima e assim como no Chile ano
passado em que 150 mil estudantes e trabalhadores foram as ruas de Santiago, aqui no Brasil
(claro que em sua proporções e especificidades) poderíamos ter uma luta que atingisse
substancialmente a política privatista do PT.

          Outra diferença importante entres os processos citados e o atual, é o atual estágio do
processo de reorganização do movimento estudantil, hoje os estudantes podem contar na
ASSEMBLEIA NACIONAL DOS ESTUDANTES –LIVRE , uma entidade de esquerda,
classista e combativa, um suporte para a construção das lutas, e não só a nível local, mas em
todo o Brasil, a fundação e consolidação da ANEL, mostra que existe alternativa para a
reconstrução de uma entidade que resgate a tradição combativa do movimento estudantil
brasileiro, que mesmo diante da traição da UNE, ainda existem milhares de ativistas do
movimento estudantil que acreditam que só a luta muda a vida! E que é nas mobilizações que se
faz história!

          E é por isso que nós, da ANEL Alagoas, convidamos à todos os estudantes, não só de
nosso estado, mas de todo o Brasil, a participarem da marcha em Brasília do dia 5 de junho e
comporem o comando de greve nacional dos estudantes, para que cada vez mais fortifiquemos
essa greve, para que cada vez mais lutemos por uma educação melhor para a juventude e a
classe trabalhadora brasileira.



TODO APOIO A GREVE DOS DOCENTES!


PELA CONSTRUÇÃO DO COMANDO NACIONAL DE GREVE DOS ESTUDANTES!


EXPANSÃO SÓ COM 10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO!

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