quarta-feira, 25 de abril de 2012

Relato sobre a repressão policial sofrida por militantes do comando de greve Uncisal e da Anel

Gostaria de começar essa nota, deixando claro o total repúdio a este tipo de atitude, de caráter repressivo e inconstitucional, onde as marcas do coronelismo mostram-se ainda claramente entranhadas na sociedade alagoana. É lamentável que um estudante, em exercício de seus plenos direitos, tenha sua integridade moral atacada desta forma. Que fique claro, que para nós, da Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre, o pedido de desculpa do governador Téo não é suficiente. Em um estado que diz priorizar a segurança pública (e por isso demorou tanto tempo pra sentar com o comando de grave da Uncisal) não é tolerável atitudes como esta. Os estudantes da Uncisal, os ativistas do movimento estudantil e a juventude maceioense - que vive na terceira cidade mais violenta do mundo -, assim como toda a juventude alagoana devem ser tratados de forma digna. Por isso repetimos: Desculpas não são suficientes, providências precisam ser tomadas!

Na manhã de sexta-feira (20/04), alguns militantes da Anel somaram-se aos representantes do comando de greve da Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), partindo de Maceió com destino à Palmeira dos Índios, cidade à 136 km da capital. Lá o governador estaria presente em um ato inaugural do programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida” e iria distribuir sementes para um projeto da Secretaria de Agricultura do Estado.

A intenção dos estudantes presentes seria pressionar até que ele aceitasse marcar uma reunião para discutir sobre a contraproposta entregue e informar à população sobre a realidade da Uncisal. O governador foi recebido com faixas e cartazes que ilustravam o protesto e davam início ao ato, e principalmente, pelo que foi o pivô de toda a repressão absurda ocorrida naquela manhã, narizes de palhaço. Durante aquele instante inicial de protesto, ele caminhou em direção aos estudantes e, após cumprimenta-los, se dispusera a conversar no final do evento. Após isso, o evento se deu início, contudo, os estudantes não hesitaram em continuar as atividades de protesto. Foram panfletando, exibindo as faixas e cartazes, conversando com a população.

Durante a interação do ato, chegaram a ser questionados sobre a legalidade da greve e, posteriormente, surpreendidos com a chegada da polícia ao local, para controlar o protesto. Um de nossos camaradas foi abordado pelo Coronel Nascimento, da polícia militar do estado, que chegou ordenando que fossem fechadas as faixas e retirados os narizes de palhaço. Os outros estudantes, percebendo o ato de arbitrariedade por parte da polícia, se reuniram e foram buscar esclarecimentos para o que acontecia, enquanto filmavam tudo. Quando questionaram os policiais que conduziam nosso camarada ao carro da polícia, os mesmos informaram que o Coronel era o responsável e que se dirigissem a ele. De forma autoritária, quando indagado sobre o porquê da situação, o Coronel agiu de forma repressiva e, intimidando os estudantes, chegou a dizer que “isso aqui não é diálogo não, isso aqui é monólogo. Eu falo, você escuta!”.



A acusação do PM para os estudantes era de anarquia, que era de caráter contrário à democracia, coisa que não iriam tolerar. O coronel então foi perguntado por seu entendimento de anarquismo e ainda lhe foi tentado o esclarecimento, mas ameaçou rispidamente, prender a todos por desacato à autoridade. Os populares que ali passavam, espantaram-se com a proporção tomada do ocorrido, e quando tentavam se juntar aos demais estudantes, eram empurrados pelos outros policiais, mas ainda assim, faziam declarações de apoio ao movimento que ali buscava, claramente, pelos seus direitos. Por fim, todos foram liberados, mas expressamente restringidos de continuar com as manifestações e, em especial, usar os narizes de palhaço.

No final do evento, como havia dito, o governador conversou com os estudantes presentes. De início, ele fez confusão entre a Uncisal e o Campus de Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que recentemente protestou em frente ao palácio do governador, por passarem problemas sérios em relação à segurança e por fim, tiveram suas pautas atendidas. Todos esclareceram sobre as reivindicações ali exigidas, entregaram simbolicamente a cópia da contraproposta e pediram que fosse marcada uma reunião ainda na semana seguinte - esta foi realizada na quarta feira, 25 de abril.



A Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre chama a todos/as os/as estudantes, para a construção de mobilizações contra este tipo de acontecimento, que visa controlar de forma autoritária os movimentos sociais, em especial nesse caso, o movimento estudantil. Deixamos aberto também, o convite para os grupos e coletivos anarquistas organizados, que com certeza foram moralmente denegridos pelas palavras do Coronel da polícia militar.

Basta de repressão em nosso estado!
Chega de coronelismo, ele não pode e não irá se perpetuar em nossa história!
À luta, estudantes! 




Felipe Xavier
Membro da Comissão Executiva Estadual - Anel/AL

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