quinta-feira, 9 de agosto de 2012

“Hospital escola, é meu direito, não to pedindo esmola”



Com essa palavra de ordem os estudantes de medicina da UFAL tomaram os corredores do Hospital Universitário Alberto Antunes no dia 3 de agosto com vozes e cartazes em punho chamaram a atenção da imprensa e da universidade, em busca de mais um de seus direitos cortados, em seguida serviram no hall do hospital uma grande feijoada para os alunos, servidores e professores que estavam apoiando a mobilização. Nesse dia todos comeram.

Pelo que cantavam de fato os estudantes?!
Não deveria ser necessário dizer que um hospital universitário tem a função de ensino, pesquisa e extensão, e consequentemente, assim como toda a universidade, de garantir a permanência dos estudantes no hospital. Esses estudantes entram, nos dois últimos anos do curso, em regime de estágios e plantões, tocando serviços, muitas vezes sem supervisão, no hospital. Porém, não é dessa forma que a universidade vêm tratando os estudantes, parece que nós pedimos um grande favor ao exigir que possamos comer no R.U., que tenhamos um espaço de descanso no hospital e uma biblioteca.


SALA DO ESTUDANTE NO HU

Poderia dizer que os estudantes foram surpreendidos ao terem, no dia 1 de agosto, sua alimentação cortada pelo hospital com a justificativa de “corte de gastos”, ou ainda que é uma grande surpresa que a sala destinada ao descanso dos estudantes virou um depósito? Mas na verdade não há surpresas nisso. Em meio a maior greve na educação, os estudantes têm a possibilidade de analisar mais à fundo qual a política do governo federal para a educação: precarização. É claro que essa política também se expressa na vida dos hospitais universitários federais, já que os mesmos são financiados pelo MEC e pelo Ministério da Saúde. Se expressa em cada direito do estudante cortado, em cada convênio firmado aumentando as privatizações, se expressa da sala de aula, ao vermos nossos professores cansados numa jornada extenuante de trabalho, até os poucos recursos para a estrutura do hospital em si. Se expressa ao escutarmos da direção de hospital que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares irá ser aprovada, assim como o Reuni, ou seja, goela à baixo. Os estudantes cantavam pelo espaço da educação. E engrossavam a voz ao cantarem “Dilma e Teixeira (direção do hospital), farinha do mesmo saco, um corta o ensino o outro esvazia o prato”. 

E qual foi a surpresa?!
A surpresa, pra direção do hospital, foi a reação dos estudantes. Eles realizaram rapidamente uma assembleia que deliberou pela paralisação das suas atividades no hospital, as quais não tinham paralisado ainda na greve pois entraram como “essencialidade” do serviço, por no mínimo uma semana. Organizaram atos, entraram no restaurante e comeram mesmo sem a permissão, fizeram feijoada no hall, colavam e retiravam cartazes todos os dias, panfletagens e conseguiram uma reunião de negociação.
A qual conseguiu arrancar da direção um documento de compromisso que a alimentação seria liberação nesse primeiro momento e o espaço do estudante estaria garantido até o fim de agosto. Será que dá pra confiar?! Possivelmente não, mas foi importante a lição de que só com a mobilização nos escutaram e só com ela os acordos serão cumpridos.
   
Próximos passos...
Em nossa reunião, depois de muita resistência em nos entregar um documento de compromisso, a direção do hospital deixou claro a grande possibilidade de aprovação da EBSERH, comparando ainda com a aprovação do REUNI. Façamos a fundo a comparação... Além da forma anti-democrática em que foi aprovada o REUNI nas universidades, temos em 5 anos o seu grande resultado: 58 universidades em greve e um grande balanço de precarização da educação publica, as transformando pouco a pouco em escolas de 3º grau. Nas assembleias da greve, nos espaços construídos nesses mais de 2 meses de greve, cansamos de escutar o relato das condições de trabalho dos professores e a falta de resposta do governo. Fica a pergunta: em que se transformarão os hospitais universitários daqui a 5, 6 anos?! Que lugar ocuparão os estudantes?! Como estarão as condições de trabalho dos profissionais que lá atuam?! E a assistência a população?! Quantos convênios particulares se abrirão tirando as vagas do Sistema Único de Saúde?! 



Todos sabemos essas respostas. Assim como os estudantes, servidores e professores avisaram há 5 anos atrás que passo estava dando a universidade, que escolha o governo estava fazendo com aquela aprovação. É preciso preparar as universidades para se mobilizarem contra mais essa ataque aos trabalhadores e a educação que está por vim. Só com mobilização os estudantes tem conseguido sentar para negociar. Só com radicalizações nas bases os professores conseguiram forçar o governo a negociação, mesmo este dizendo no inicio que “não senta com grevistas”. É com muita mobilização e ações radicalizadas que barraremos esse ataque! A Anel alagoas declara seu apoio a luta dos estudantes no HU e os chama a se somar mais e mais a está grande greve e a preparar um ofensivo “NÃO A EBSERH”!

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